"Love of my life... Can't you see?... Bring it back... Bring it back... Don't take it away from me... Cause you don't know... What it means to me... (Love of My Life - Queen)
Como explicar cantar Love of My Life com Fred Mercury e mais 250 mil pessoas coberta de lama até a alma?
Como explicar acompanhar meus filhos adolescentes na apresentação da Britney Spears?
Como explicar acompanhar Cold Play num encerramento tão surpreendentemente apoteótico que fez chorar?
Trinta anos de Rock in Rio e assisti a três edições.
A primeira, inesquecível, que trago como uma das maiores - se não a maior - das minhas memórias musicas. Só quem foi sabe. Só quem foi jamais saberá. Não haverá, acredito, na história desde então e até que, outro evento igual.
A segunda, em 2001, na companhia dos meus filhos adolescentes, tentando gostar de bandas que não faziam parte do meu repertório e encontrando maior - muito maior - identificação com as bandas brasileiras que se apresentaram divinamente. Além da abertura com a Orquestra Sinfônica que, foi, sem dúvida, um lindíssimo momento de aproximação e convivência com diferentes tipos de gêneros musicais. Rock in Rio como palcos de músicas além do rock.
Na terceira em 2011, e provavelmente minha última participação, sem muitas expectativas e apenas para aproveitar mais essa oportunidade dessa energia absolutamente contagiante, fui tomada por sensações e surpresas totalmente inesperadas! De Elton John ao grupo mexicano Maná, encerrando com Cold Play absolutamente mágico! Naquela madrugada, escrevi o texto abaixo numa tentativa de traduzir aquela experiência:
Rock in Rio 2011.
Tenho um passarinho dentro de mim. Um passarinho que desde ontem não se cala. Canta e me encanta com cada recanto onde encontre o canto que traduza a minha emoção em letra e música. Tantas letras e músicas quantas sejam as emoções que precisem - e mereçam - ser cantadas.
Meu passarinho voa alto, muito alto! E ontem me levou com ele ao topo do mundo! E ainda mais alto... No alto do céu mais alto... Mas quando olhei para baixo, me vi também lá embaixo, pequenininha e perdida no meio de uma multidão.... E olhando mais além ainda, vi mais e mais pessoas que também estavam lá, mesmo sem lá estar. A música, e acho que só a música, a boa música, tem essa capacidade. Isola na multidão, abraça no isolamento, faz ser único ao mesmo em que faz ser todos, é solo e é coro!
Meu passarinho também canta em várias línguas.Em todas as línguas! Infinitas, inusitadas e inesperadas. Possíveis e necessárias para expressar as também emoções infinitas, inusitadas e inesperadas. Palavras, idiomas, instrumentos, acordes, luzes, roupas, tatuagens, cabelos, efeitos, fogos, palmas, gritos, flashes, sons conexos ou desconexos, mãos levantadas, olhos marejados, mãos dadas, abraços, risadas, emoção - sempre a emoção - comunicam, aproximam, identificam, conectam, derrubam barreiras, se doam. Ontem eram todas minhas! Multilínguas numa só! E hoje o meu passarinho as recria e recanta na memória...
Foram muitos os shows,bons shows, ótimos shows que assisti ao longo da minha vida. Todos com seu acervo incomparável de memórias de momentos especiais. Mas ontem foi uma noite ainda mais especial. Talvez pelo feliz agrupamento dos grupos que se apresentaram. Talvez pela feliz sintonia das pessoas presentes. Talvez pelo que aquelas músicas em particular tivessem para me cantar e provocar naquele momento. Talvez por razões que nem saiba! E que realmente não importam. Hoje estou irremediavelmente musicada!
E meu passarinho está em festa! Pois ele sabe. Sempre soube. Que a música cura qualquer mal e qualquer tristeza. Conforta e consola. E alegra e contagia! Adoça. E colore. Como colore! E acolhe. E sempre acha o seu lugarzinho. E te mostra o seu lugar. Sempre.
Numa noite mágica, vestiu-se de amarelo e virou canarinho! E não para de cantar! E voou-me ao meu lugar, curou desacertos e angústias e me inundou de emoção indescritível! Tenho certeza que levou no bico grande parte da minha alma... Que ainda está sobrevoando por ai, leve, sonora, feliz, em paz...
E Viva la Vida!
Senti a mesmíssima coisa ontem vendo a TV. Cedo meu lugar aos mais jovens que, infelizmente, curtem as sobras - um Queen sem Fred Mercury, Cassia Eller e tantos outros não mais aqui. Eu não sei se existe bom rock novo, aliás nem quero saber...
ResponderExcluirQuanto ao passarinho, me lembro muio dele, foi ontem.No ano em que nos conhecemos: Fiorentina, Arthur, Passaporte, gargallhadas sem fim. O que foi que passou junto com o rock?
Verdade, Claudia... Taaaaaanta coisa passou junto com o rock... Ou simplesmente deixamos passar? Saudades das gargalhadas despreocupadas da vida leve... Intuitivamente sabiamos que passaporte era T.U.D.O!!!!
ExcluirAh, e quanto à primeira edição, realmente só quem viu. Me arrepia só de escrever
ResponderExcluirPior é que não conseguimos reescrever aquela sensação... Até tentei, não deu.
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