domingo, 28 de agosto de 2016

Café Society. Ilusões e desilusões banhadas em luz.

"A vida é uma comédia escrita por um comediante sádico." (Café Society)





Há algo de extremamente confortador em recostar-se  na poltrona do cinema e ouvir o familiar som de jazz na introdução sem malabarismos visuais de um filme de Woody Allen.

É ainda mais confortador ouvir a sua inconfundível voz narradora ao fundo, com a entonação  típica dos grandes contadores de histórias, enquanto romances e comédias e tragédias e sátiras e críticas costuram um enredo improvável.

Café Society reúne de forma harmônica o que há de mais característico na extensa obra do diretor ainda tão produtivo aos 80 anos: amor pelo cinema, amor pelo amor, crítica social ácida, herança judaica e angústias existenciais.

A ambientação no glamour dos anos 30 é perfeita para homenagear a época de ouro de Hollywood! E não faltam referências como Barbara Stanwick,  Gloria Swanson, Um Lugar ao Sol, Casablanca, para citar apenas algumas. Figurino e cenários que encantam e primam pela estética cuidadosa e elegante!

O romance é a linha condutora do filme, através do triângulo amoroso que alterna as ilusões e desilusões do amor. Escolhas. Boas e más. E como essas mesmas ilusões e desilusões sustentam as consequências dessas boas ou más escolhas.

As críticas sociais, cínicas e ácidas, denunciam, no melhor estilo F.Scott Fitzgerald em The Great Gatsby, o vazio e superficialidade da sociedade que vive de aparências. Há muito de Gatsby  em Café Society! Principalmente a forte impulsão solar!

A herança judaica responde pela comicidade do filme!  A disfuncional família judia de Nova York e pontuada de caricaturas e exageros. As passagens são hilárias e plenamente reconhecíveis! Pérolas de mães judias, como a máxima: "Viva cada momento como se fosse o último, porque um dia será."

As angústias existenciais são diluídas nos personagens secundários que complementam, brilhantemente, os personagens principais.

O ingênuo e sonhador Bobby Dorfman é uma das melhores personas de Woddy Allen, com sua aparência e comportamento contidos e oratória longa e elaborada. Jesse Eisenberg convence e sustenta.

Vonnie, interpretada por Kristen Stewart, é pura luz! Sua primeira aparição lembra a cena inicial de Daisy em  The Great Gatsby: uma aurea de sol que ofusca! Kristen está líndíssima e confere à Vonnie mais estética do que conteúdo. A interpretação não impressiona, mas não compromete.

Steve Carell como Phil está absolutamente perfeito! Que sorte a substituição de Bruce Willis! Phil tem dramaticidade, coerência e convencimento!

A bela Blake Lively como Veronica  tem pequena participação, mas ilumina por sua beleza e doçura!

Mas os maiores méritos do filme são a sua impecável trilha sonora e a maestria da fotografia de Vittorio Storaro!  Ao som de "That Lady is a Tramp", "Manhattan", "My Romance", "I Only Have Eyes for You", "This Can't Be Love", as cores quentes de Hollywood e as sombrias de Nova York compõem nuances e crepúsculos absolutamente espetaculares! Um das cenas mais lindas do filme , o jantar romântico de Bobby e Vonnie, é  distorcida por velas e sombras. O efeito é incrível!

Café Society ilumina a comicidade sádica da vida em  nuances sutis das memórias de ilusões e desilusões.








sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Dindastia.

dindastia: s.f. 1. processo de sucessão de madrinhas dentro de uma mesma família  2. sequência hierárquica (hereditária ou não) de madrinhas que estabelecem linhagens reais dentro da  mesma função. 





A minha dindastia, a mais real das reais, criou-se a partir de 19 de agosto de 1976, com o nascimento da Flavia, minha  primeira afilhada. Nasceu linda e iluminada!

Aprendi a fazer tricô só pra fazer, eu mesma, o presente especial do seu primeiro aniversário. Fiz um colete horroroso, num degradê  horroroso  de marrons e caramelos que minha irmã, bravamente, chegou a usar. Muita sorte ser  calor no Rio de Janeiro e bebês perderem a roupa muito rapidamente!




A minha afilhada cresceu mais linda e mais iluminada! São muitas as memórias ... Falava só por sílabas tônicas. Isso incluía o seu próprio nome, que de Flavinha passou a Vim. Meu pai a chamava de trem doido. E nós, de Flavinha-Quero-Quero. Sua irmã mais velha ganhou de presente a boneca "Bebê Coração" que ela tanto queria, e ela,  inconformada,  repetia sem parar "bebê ção é minha!". Virou sua marca registrada.



A minha afilhada foi crescendo ainda mais linda e mais iluminada! Até que, não sabemos bem ao certo quando, ela instituiu o  tal  caderninho preto.Caderninho temido!  Ser incluído naquelas páginas era o pior dos pesadelos de toda a família! Os critérios não eram muito claros e ao menor deslize... Pá! Nome no caderno! E pra sair do caderninho? Muitos tentaram, mas não se sabe ao certo se tiveram sucesso. Uso os verbos no passado porque ela jura de pé junto que aposentou o famigerado. Mas os traumas ainda não foram superados.




A minha afilhada continuou crescendo. Linda e Iluminada. Há 18 anos, resolveu me tornar tia-avó. Seria até desaforo, não fosse o Mateus (loiro de deixar qualquer norueguês encabulado),   logo seguido pelo Tiago, esses meninos lindos que inauguraram em altíssimo estilo a terceira geração da família!

A minha afilhada tornou-se uma mulher realmente linda e iluminada! Sensível,  preocupada,  amorosa, atenciosa, presente, solidária. Companheira pra qualquer programa! De shopping a Rock in Rio! Parceirona de projetos! E tão talentosa... Faz scrap como ninguém, bonecas de pano como as de antigamente, borda com perfeição e é a melhor maquiadora do mundo! Além do inconfundível "É meiiixmo, Ticinha?" que eu adoro ouvir!

Dizem que as dindastias são formadas a partir das características que  afilhadas herdam de suas madrinhas. Deve ser mesmo verdade, porque dividimos, entre outras coisas, a falta de lábio superior, os vômitos e enjoos emocionais, o forte apego familiar, a curiosidade insaciável e o choro fácil.

Mas a  recíproca deveria ser verdadeira e madrinhas deveriam adquirir também características de suas afilhadas. Dela, queria um pouquinho só da beleza, um respingo do talento e a raspa da doçura tão cativante.  Seria a mais feliz das madrinhas!



É bem verdade que,  numa hierarquia invertida, ela ser princesa fez de mim rainha! E só assim consigo conhecer, ainda que tangencialmente, toda a grandeza dessa realeza criada a partir dela! E com a certeza que todas as suas qualidades serão passadas para a próxima da nossa linhagem sucessória! A afilhada da minha filhada, Laura, com apenas 5 aninhos, já é princesinha das sapatilhas à coroa!

Minha dindastia hoje completa 40 anos! Quatro décadas de amor imensurável e de orgulho que não cabem dentro de mim!

Hoje tem festa na corte! LONG LIVE MY PRINCESS!!





domingo, 14 de agosto de 2016

Porque mãe é tudo igual. Mas cada pai é único.

O meu pai:





- Chamava-se Edgard e era o terceiro entre os dez filhos de Alberto e Ottilia.

- Nasceu no Rio de Janeiro em 1922  e morreu em São Paulo em 1983.

- Veio de uma família onde irmão cuida de irmão, sobrinho de tio, tio de sobrinho, primo de primo, todos um pouco de cada e cada um pouco de todos. Todos juntos e todos misturados. E assim nos ensinou a viver em famílias.

- Era engenheiro agrônomo formado no km 47 (UFRRJ) e sempre acreditou no estudo como a única forma de se construir a vida. Crescemos num ambiente onde estudar sempre foi prioridade.

- Também insistia na nossa realização profissional e independência financeira. Começamos a trabalhar muito cedo, sempre com o seu incentivo e apoio.

- Jogou basquete quando jovem e foi até técnico.

- Jogou vôlei de praia até quase o fim da vida. Praia do Leme, todos os domingos. Após as partidas, o tradicional chopp na Taberna Atlântica. Uma verdadeira religião. E de tal devoção, que a a Taberna Atlântica, em reconhecimento por décadas de fidelidade, numa cerimônia festiva e inesquecível, inaugurou uma placa comemorativa na mesa onde sempre se sentavam: Veteranos do Vôlei.

- Acreditava na amizade e manteve os seus amigos por toda a vida. Praticava verdadeiramente a amizade. Crescemos em casas cheias e convivemos com todos esses amigos - de diversas nacionalidades, religiões, origens e idades - a quem chamávamos/chamamos de tios. E essas amizades passaram  gerações e herdamos esses "primos"  de vida. Laços estreitos. Laços eternos.

- Só conheceu cinco dos onze netos. Babava pela Marcela, chamava a Flavia de "trem doido", provocava a Adriana com "quase 8:00", levava o Dudu ao Ibirapuera até a exaustão e mal podia esperar o Xande "ficar de pé".

- Chamava minha mãe de Rosinha.

- Dizia que a Andréa, a minha irmã caçula, era a combinação perfeita entre ele e minha mãe.

- Desenhava nossas bonecas de papel quando éramos pequenas.

- Nos levava para conhecer Brasilia quando completávamos 10 anos.

- No mandava pro programa de intercâmbio nos EUA quando completávamos 15 anos.

- Só nos deixava fumar em casa depois dos 18 anos.

- Levava e nos buscava nos bailes de carnaval.

- Confundia as minhas fotos com as da minha mãe quando jovem.

- Implicava com todos os namorados e amigos cabeludos.

- Não gostava de barba e bigode.

- Dizia que hóspede  é que nem peixe: depois de 3 dias começa a feder.

- Jogava buraco e adorava provocar a dupla adversária. E não cansava de repetir que "o major dizia que não se dá carta do meio".

- Dormia depois do almoço todo sábado e domingo.

- Não acertava o tamanho das roupas que nos trazia de suas viagens. Mas nos trazia Barbies.

- Era magérrimo quando jovem. Mas engordou, engordou, engordou.

- Era mais severo que o Detran! Quando tirávamos a nossa carteira de motorista, tínhamos que passar pela sua prova pessoal: um dia de sol, um dia de chuva e uma noite.

- Era muito alegre e adorava festas. Gostava de comer. Muito. Gostava de beber. Muito.

- Fumava charuto depois do almoço aos domingos.

- Era muito respeitado e querido profissionalmente. E mais ainda pessoalmente.

- Tinha um senso de humor fantástico! Sempre com muito deboche e ironia.

- Mas quando bravo...

- Era justo. E moderno pra muitas coisas.

- Tinha muito orgulho da família que construiu com a minha mãe.

- Nos deixou cedo demais.








segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Sobre a grandeza no esporte.

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

(Ricardo Reis - 1933) 


 Ricardo Reis, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, escreveu o poema acima em 1933. Entre tantos e tantos e mais tantos e outros tantos poemas absolutamente geniais de FP, escolhi esse como o meu preferido. Desde a primeira vez que o li. Leio, releio, me encanto. Repetidas vezes. Nunca o esgoto. Nunca chego perto do seu sentido final, revelado, decifrado. E surpreendo-me com a abrangência densa e profunda que apenas seis versos provocam.

Ontem, ao acompanhar as várias competições do segundo dia da Rio 2016, e em particular o pífio desempenho da seleção masculina de futebol, esse poema me veio imediatamente à cabeça. Assim como me veio o conceito de  grandeza no esporte.

A história  está repleta de bons atletas que nos têm presentado com momentos e emoções inesquecíveis com suas conquistas e feitos quase inacreditáveis!

Mas há uma  diferença brutal  entre ser bom - ou até ótimo - e ser grande. Porque ser grande é  atitude, determinação e apreciação que independem de resultados refletidos em medalhas ou títulos.Ser grande é natural, vem de dentro, é espontâneo.  Existe em estado bruto e latente, podendo ser lapidado à quase perfeição, mas jamais forjado na sua ausência.

E o ser grande é o que verdadeiramente emociona e impulsiona. A paixão que o esporte provoca só frutifica pela grandeza compreendida e espelhada. Só a grandeza ecoa. Só a grandeza transforma.

Os exemplos são inúmeros! E cada um de nós tem o seu próprio repertório. Ontem mesmo,  entre tantas disputas duras, cito a derrota do tenista Novak Djokovic - primeiro no ranking mundial e favorito ao ouro olímpico -  diante do argentino Del Potro logo na primeira rodada. No choro incontido e decepcionado, o agradecimento à torcida, o abraço reconhecido no oponente e a certeza de ter feito o seu melhor. Ainda que o seu melhor não tenha sido suficiente. Isso é grandeza.

Em contrapartida, nosso time de futebol masculino em outro baixíssimo desempenho,  apático e entregue, com ares de superioridade enfrentada, recolheu-se na sua arrogância intocável, demonstrando despreparo, imaturidade, desrespeito e soberba. Valores contrários e estranhos à grandeza. Desvalores da pequeneza anti-esportiva. A questão não é ganhar, perder ou empatar. A questão é a atitude diante de cada uma das condições. A questão é fazer o melhor possível e prestar contas desse melhor com tranquilidade e humildade. Triste ver o que já foi nosso orgulho nacional se afastar, em passadas largas, desse ideal nobre e exemplar e se ancorar na marra enfrentadora.

Volto a Ricardo Reis. E à sua descrição tão precisa de grandeza e do que efetivamente reflete brilhos de luas!
















sábado, 6 de agosto de 2016

Foi bonita a festa, pá! Fiquei contente!

"Isso aqui iôiô...É um pouquinho de Brasil iáiá... Desse Brasil que canta e é feliz, feliz... É também um pouco de uma raça... Que não tem medo de fumaça ai ai... E não se entrega não!" (Sandália de Prata - Ary Barroso)

Nosso Brasil plural, diverso, desigual. Nosso Brasil de fortes contrastes geográficos, étnicos, culturais e sociais. Nossos vários Brasis - em multiplicações  incansáveis e impensáveis - que ainda aprendem a se conhecer e  conviver. Mas que se reconhecem e se unem num gigantesco fio invisível que alterna ódios e amores, orgulhos e vergonhas, desalentos  e esperanças. E esse fio,  quando esticado até a sua tensão máxima, quase sempre, como mágica, enrosca-nos em novelos macios e aconchegantes e nos desfia, sem pudor,  em surpreendentes e infindáveis sentimentos de emoções incontidas e alegrias incontroláveis! E  é essa  brasilidade aflorada  - espontânea e contagiante - que sempre revela o nosso melhor!

E o nosso melhor mostrou-se ontem - muito menos para o mundo e muito mais para nós mesmos. Os nossos espelhos reluziram  nossas imagens difusas e confusas, em identidades negadas, renegadas, contestadas e ressentidas. Resgatadas. Recompostas. Rendidas. E em altivez  majestosa.

Majestade garantida pelo andar majestoso de Gisele  na mais icônica passarela do mundo! Que me perdoem todas as demais passarelas e que me perdoem todas as demais  rainhas. Mas  depois da noite de ontem, só há uma passarela  possível e só há uma rainha coroada.  Maracanã e Gisele. Gisele no Maracanã.

Sem suntuosidade, mas com muita criatividade e originalidade ,  contamos quem somos e porque somos. Nossas misturas e nossas incoerências explicam-se na nossa história narrada sem romantismo, mas também  sem condenação. Nossas composições, nossas apropriações e nossas dívidas estavam todas lá. Sem exageros e sem poupanças. E em extrema elegância.

Nossas expressões culturais tão  variadas também tiveram o seu espaço justo e merecido. Entre tantas, destacou-se a nossa música, bálsamo pros ouvidos e pros corações. Tom, Chico, meu Chico, Caetano, Gil, Jorge Ben Jor,  Elza Soares - diva!, Zeca Pagodinho, Marcelo D2, Ludmilla, Marcos Valle e , sim, Anitta. Porque somos todos esses ritmos. E somos todos esses ritmos com competência e excelência. Do Hino Nacional intimista combinando o samba e o clássico - uma das versões mais emocionantes de todas as versões! -  às baterias ritmadas das escolas de samba , e até ao inesperado Gil/Caetano/Anitta.

E talvez "inesperação" seja a palavra que define a Rio 2016! De tudo o que se pudesse esperar, brilhou o inesperado! O que não faz sentido. O inexplicável. O inovador.

Inesperamos como palco para a diversidade. Para o encontro dos diferentes. Para a voz dos poucos ouvidos. Para a inclusão dos excluídos. Crianças com necessidades especiais, Lea T, delegação de refugiados.

Inesperamos com o símbolo da paz adaptado, com os anéis olímpicos absurdamente criativos, com a exuberância da natureza que precisa de tanto cuidado.

Inesperamos com a pira radiosa e com - pela primeira vez em toda a história das Olimpíadas - uma segunda pira "para o povo"!

Inesperamos com a descontração informal e transgressora!  E tão apaixonada! E tão cativante!

Inesperamos com o calor, com o brilho, com as luzes, com as cores, com os sons, com as danças, com a grandiosidade luminosa que não coube dentro do Maracanã!

Inesperamos com o reconhecimento de que o verdadeiro atleta não é apenas o que acumula vitórias, mas sim o que pratica grandezas. Esse reconhecimento se fez presente nas merecidas homenagens aos  atletas que escrevem a nossa história esportiva dentro desse valor. Salve Vanderlei!

Inesperamos porque realmente nos surpreendemos com a nossa capacidade realizadora! Nosso orgulho confinado escapou descontrolado e permitiu-se vibrar e sonhar!

Inesperamos porque  nos vimos! E o que vimos foi o enorme potencial para revertermos a nossa precária condição e condenação.

No sol olímpico que acendeu a nossa chama, uma nova esperança arde recuperada e orgulhosa. E com a certeza de que somos mais, muito mais e maiores do que a pequeneza a que tentam nos reduzir. Pequeneza que, equivocadamente, assumimos como nossa. Mas que , definitivamente, não faz parte de nós.

De tantas imagens que, sei, serão inesquecíveis, escolho cinco. Cinco imagens que talvez apontem novos caminhos para nosso futuro mais justo, inclusivo, respeitoso e conciliador.















sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Pirações.



"Que a Tocha Olímpica siga o seu curso através dos tempos para o bem da humanidade cada vez mais ardente, corajosa e pura." (Pierre de Coubertin)

O acendimento da pira é o ponto alto das cerimônias de abertura dos Jogos Olímpicos.

O aspecto solene desse ritual tem sua explicação na mitologia. A história da humanidade teve início quando o titã Prometeu roubou o fogo de Zeus e entregou-o para os mortais. O fogo ganhou, então, status de elemento sagrado. Em Olímpia, berço das Olimpíadas, uma tocha se mantinha acesa em honra a Zeus, no templo de Hera.

Na era moderna, a primeira pira foi acesa em Amsterdã 1928. A partir de Berlim 1936, instituiu-se o revezamento desde Olímpia até a cidade sede e, com isso, a tocha passou a viajar por terra, mar e ar.

Desde então, não há limites para as inovações! A cada edição, novos deslumbramentos que nos encantam e emocionam! Como dimensionar a honraria conferida aos atletas convidados para acender o símbolo maior do maior evento esportivo através dos tempos?

 Os Jogos Olímpicos atravessam as décadas sem perder vigor, significado e reverência . Apesar de tantas guerras, disputas, distanciamentos, confrontos e estranhamentos, as Olimpíadas ainda conseguem provocar tréguas e uniões Acredito que só mesmo o poder divino desse fogo purificador possa explicar.

E hoje, enquanto nos preparamos para a cerimônia de abertura dos primeiros Jogos Olímpicos na América do Sul - E EM NOSSO PAÍS! - vamos relembrar as piras acesas ao longo dos tempos?

Que todas essas pirações nos inspirem! E que a nossa pira verde e amarela arda linda! Muito linda!


Amsterdã 1928

Los Angeles 1932

Berlim 1936

Londres 1948

Helsinque 1952

Melbourne 1956

Roma 1960




Tóquio 1964
Cidade do México 1968
Munque 1972

Montreal 1976

Moscou 1980


Los Angeles 1984

Seul 1988

Barcelona 1992

Atlanta 1996
Sydney 2000


Atenas 2004


Pequim 2008


Londres 2012