(Lili Elbe em A Garota Dinamarquesa)
Tom Hopper (O Discurso do Rei e Os Miseráveis) retorna às telas após 3 anos com a belíssima adaptação de A Garota Dinamarquesa, romance de estreia de David Ebershoff.
Baseado na biografia do casal de pintores Einar Wegener (Eddie Redmayne) e Gerda Wegener (Alicia Vikander) o filme , com muita delicadeza e poesia, conta a transição - não sem sofrimento - de um casamento ativo e funcional para os conflitos individuais quando o estranhamento de gênero veio à tona.
Einar Wegener, reconhecido paisagista, num episódio casual de substituir uma modelo de sua esposa retratista - e, para isso, vestir suas roupas - descobre a sua Lili aprisionada em seu corpo masculino e inicia o seu longo processo de redesignação de gênero. Einar foi a primeira pessoa a se submeter à cirurgia transgênica na História. Os procedimentos foram realizados em Dresden, na Alemanha, cidade banhada pelo Rio Elba, de onde Lili emprestou o seu sobrenome Elbe.
História polêmica e ousada para qualquer época! O que dirá nos anos 30! Mas Tom Hopper, acertadamente, evita o protagonismo do preconceito social e desconhecimento da comunidade científica e prioriza os aspectos mais pessoais e emocionais da relação Einar/Gerda/Lili.
A cuidadosa ambientação e o primoroso figurino garantem verossimilhança e trazem a poesia tirada das nuances das tintas e telas. A delicadeza dos tecidos dão sustentação ao gradual crescimento de Lili. Pode-se quase sentir a leveza e as texturas que trazem Lili à vida!
Mas o que mais emociona é a cumplicidade e atos de amor entre Einar e Gerda! De parceiros e amantes à amizade e apoio às transformações individuais, Gerda e Lili transbordam amor verdadeiro e incondicional. Ainda que em meio a turbulências, dúvidas, angústias, ressentimento, tristezas e medos.
Se por um lado a imposição da presença de Lili termina com o relacionamento amoroso, por outro lado, é o agente impulsor da carreira de Gerda, até então estagnada e ofuscada .
O filme, no entanto, não teria metade de sua potência sem as atuações absolutamente brilhantes de Eddie Redmayne e Alicia Vikander! A conexão, química e sintonia entre o dois atores são os grandes responsáveis pela elegância, empatia e emoções transferidas! Que talentos! Redmayne, validado pelo Oscar 2015, brilha! Einar e Lili se alternam como personalidades distintas, completas e densas. Vikander, por seu lado, imputa fortaleza impressionante! É ela que conduz a linha tênue e tão controversa! É ela, no fim, a verdadeira Garota Dinamarquesa!
A cinebiografia chega com uma década de atraso e após, inclusive, da tentativa frustrada de Nicole Kidman viver Einar/Lili. Mas o atraso foi providencial, pois o filme chega atual em tempos de discussões mais maduras sobre identidade de gênero e orientação sexual. Os esforços globais por reconhecimento, direitos e igualdade já contabilizam alguns avanços.
Nesse sentido, o filme também gerou críticas por não abrir espaço para atores transsexuais. A indústria cinematográfica já é , reconhecidamente, bastante restritiva às minorias. Para transsexuais, então, as oportunidades são ainda mais limitadas. Vale a denúncia. Vale a crítica. Mas confesso não conseguir imaginar ator mais perfeito para o papel! A verdade é que Redmayne empresta traços andróginos que incorporam e convencem.
Um filme intenso e belo. E que pontua um dos marcos da luta de gênero e sexualidade.
Que bom ler você que me diz o que eu senti rs. A delicadeza é o sobrenome desse filme.
ResponderExcluirDo casal, dos amigos, do médico ...
Que bom que sentimos igual!!!! Delicadeza é mesmo a palavra que sintetiza o filme! Bjs
ExcluirAnálise precisa. Muito bom. Bjs sds
ResponderExcluirNão me surpreende sentirmos igual... Mas precisamos colocar na pauta!!! Bjs e saudades master!!!
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