"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." (Nietzsche)
A dança entrou na minha vida tardia e casualmente. Mas de forma tão arrebatadora e envolvente que parece que sempre fez parte. Aliás, sempre fez! Ainda que por pelas sapatilhas e saias e collants imaginários que sempre povoaram a minha imaginação!
Começar a dançar formalmente já na idade adulta é um desafio! Não é fácil introduzir tantos movimentos físicos intensos e estranhos ao mesmo tempo. E coordenar braços e pernas que desafiam a autoridade do seu querer. E memorizar coreografias que, pela inexperiência, são mais complexas que equações de física quântica. E absorver os movimentos da salsa e do merengue e do tango e da rumba e do chachacha e do samba e do bolero e do forró e do foxtrot e do clássico e do paso doble e até do flamenco!
Não se iludam! Sou péssima dançarina, por mais que me custe admitir isso! Mas isso não faz a menor diferença! Pois o prazer de dançar por dançar, sem o compromisso da precisão ou do resultado, é libertador!
Claro que tornar essa experiência positiva e tão prazerosa dependeu de outras condições: um ambiente acolhedor, uma turma parceira e incentivadora, muito bom humor - muito! - e um professor atento e dedicado capaz de aflorar as divas recolhidas ao final de cada aula!
Tive a grande sorte do acaso me presentear com todas as condições acima! Pois mais do que passos e rodopios, a dança me ensinou virtudes mais valiosas e me trouxe companheiras de sapatilhas sem as quais já não imagino a minha vida!
E é por isso, e por celebrar hoje o Dia Internacional da Dança, que reproduzo ,em agradecimento,:
Oração da Dança (Santo Agostinho - 354 a 430 d.C):
Louvada seja a dança,
Ela libera o homem
Do peso das coisas materiais
Para formar a sociedade.
Louvada seja a dança,
Que exige tudo e fortalece
A saúde, uma mente serena
E uma alma encantada.
A dança significa transformar
O espaço, o tempo e o homem
Que sempre corre perigo
De perder-se ou somente o cérebro,
Ou só vontade, ou só sentimento.
A dança porém exige
O ser humano inteiro,
Ancorado no seu centro
E que não conhece a vontade
De dominar gente e coisas,
E que não sente a obsessão
De estar perdido no seu ego.
A dança exige o homem livre e aberto,
Vibrando na harmonia de todas as coisas.
Ó homem, ó mulher, aprenda a dançar!
Senão os anjos do céu
Não saberão o que fazer contigo."
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