"Que a saudade dói como um barco... Que aos poucos descreve um arco... E evita atracar no cais..." (Pedaço de Mim - Chico Buarque)
Saudade. Substantivo abstrato inconformado em concretude.
Saudade tem cheiro e gosto. Tem toque inconfundível. Tem cores, todas as cores. E sons. De voz, palavras, risadas, suspiros, gemidos, música, poesia. Saudade é história e geografia. Como tapete mágico, revisita nossos tempos bem vividos em lugares por onde a nossa alma se deixou deixar.
Saudade também é gente. É a busca da nossa solidão aflita por quem fomos e perdemos. E é também todos os que nos ensinaram a vida e os sentimentos de amor. Quem deixou de si e levou de nós.
Saudade pode doer e causar tristeza. Mas é bom. Acalma e conforta. Afinal, não sentimos falta ou não nos eternecemos pelo que não seja memória de felicidade.
E assim, nutri-la é, na verdade, um ato de vaidade. Vaidade consentida e esperançosa. Que aprisiona e eterniza, como em álbuns de fotografias, nossas impressões e referências dos instantâneos da nossa existência plena.
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