domingo, 17 de janeiro de 2016

Marina Morena Marina.





Minha filha chegou ao mundo nas primeiras horas de luz do sol do dia 17 de janeiro de 1989. Iluminada e iluminando.

Chegou prematura, determinada e contrariando qualquer destino que destino qualquer pensasse lhe impor.

Decidiu, por exemplo,  que não seria aquariana, como previsto, e sim capricorniana. E bancou a decisão! É caprina das boas! Inspiração para os manuais mais precisos  de descrição e definição do signo!

Decidiu, também, o impasse do seu nome. Nem Catarina nem Manuela, como queria a mãe. Nem Fernanda nem Andréa, como queria o pai. Em ondas de indecisão,  sob prantos nervosos com a prematuridade a caminho da maternidade,  nasceu Marina.  E não há nome mais apropriado! Trouxe do mar para o seu nome e para a sua vida - e para a nossa vida - marés alternadas de calmarias e turbulências. E trouxe também do mar  e para a sua vida - e para a nossa vida - toda a beleza, imensidão e mistérios.

Não foi, portanto, por acaso, que o seu umbigo, como manda a tradição familiar, tenha sido atirado ao mar pela sua madrinha em frente ao Hotel Marina no Leblon, no Rio de Janeiro. Tenho certeza de que as deusas que habitam aquele mar ainda retribuem o presente recebido, em gratidão eterna, em bençãos de beleza, graciosidade e inteligência.






















Laços, chuquinhas, vestidos, tons de rosa. Menina dos pés a cabeça. Naturalmente. Boneca entre todas as bonecas, princesa entre todas as princesas, fez jus à enorme coleção de bonecas e princesas que sempre lhe rodearam. Como gostava de bonecas! Como gostava de princesas!

Dois episódios, ainda pequenininha, marcaram justamente duas grandes referências do universo feminino: brincos e cabelo. Furamos a sua orelha ainda bebê, num passeio ao Rio de Janeiro. Na farmácia da Rua General Glicério, onde morei na adolescência, e com o farmacêutico que furou as orelhas de várias amigas da minha geração. O pai, numa de suas muitas viagens a trabalho,  trouxe uma coleção de brincos temáticos: ursinhos, moranguinhos, sorvetinhos, o que se pensasse, tinha o brinco! Acontece que a menina, com o brinco de ouro herdado da prima,  tanto fez e mexeu, que rasgou a orelha. Resultado: anos e anos e anos sem brinco, e só depois de uma pequena plástica, já maiorzinha, furou novamente. Os tais brinquinhos, lindos, que o pai trouxe, quase não foram usados.




O cabelo??? Ahhhh... O cabelo... Com  dois anos, o cabelo começou a cair. Do nada. Todo. Ficou carequinha.  Como a minha sogra tinha pouquíssimo cabelo, fiquei desesperada! A médica nos tranquilizou, dizendo que (1) calvice é transmitida pela mãe e não pelo pai. Ufa!  (2)  era normal, porque ela quase não tinha perdido cabelo em bebê. Normal ou não normal, foi traumático.  O novo cabelo começou a nascer todo espetadinho. Ela parecia um porco espinho. Para piorar, ela e o irmão pegaram catapora. Estávamos de mudança para Buenos Aires e a menina cheia de manchas e com o ralo cabelo espetado. Não há como descrever. As pessoas apontavam na rua. Algumas não se continham e pediam para passar a mão na cabeça dela e se espantavam ao ver que o cabelo era fininho, macio e sedoso. Ela, do seu lado, não estava nem ai!  Desfilava aquele projeto de cabelo feliz da vida! Chamamos, em família, essa fase de "a  fase punk" da Marina. Mas a médica estava certa! O cabelo cresceu lindo e numa  cor mel mechado que há quem duvide  que seja natural!

Chorou todos os dias quando a deixava na escola em Buenos Aires. Só parava quando eu dizia que ia comprar uvas - que ela adorava - e que voltava em seguida. A frutaria local agradecia. Chorou todos os dias quando a deixava na escola em San Juan, Porto Rico. Sem acordo nem para comprar uvas. Parou de chorar quando teve idade pra entrar na Escola Americana, ainda em Porto Rico, onde o irmão já estudava. A partir dai, a vivência escolar foi muito positiva!



Determinada, consegue o que quer. Aprendeu a escrever nome e sobrenome enquanto as outras crianças ainda tateavam as letras. Perdeu o primeiro dente quase junto com o irmão, depois de bater com o dentinho, duro como um pedra, até que amolecesse. Entrou para o time de vôlei da escola sem experiência prévia, apenas treinando, obstinadamente, no tempo livre que tinha. O mesmo aconteceu com o time de futebol. Foi aceita na faculdade que quis no Canadá. De volta ao Brasil, entrou na faculdade que escolheu. No estágio que escolheu. E foi efetivada, depois de formada,  na vaga que queria.


















Pequena, era das mais altas da classe. Na adolescência, ficou pra trás. Ai decidiu que deveria usar salto 15. Não durou muito... Nas férias em Juquehy, entrava e saia de casa agarrada aos cabelos, depois de ter lido que morcegos gostavam de fazer ninhos em cabelos longos.  Em outro momento, decidiu ser uma vegetariana que come bacon e pernil. Adora remédios e tem conhecimentos farmacêuticos que impressionam! E assustam! Tem um amor por cachorros que não há como explicar! É organizada, metódica e não reage bem a imprevistos. Exagerada. Intensa. Acha que tem os piores defeitos das duas famílias. Herdou da avó paterna o talento culinário e da avó materna algumas intransigências. A casa passou a funcionar, no momento em que ela se tornou adulta, com o único propósito de "não estressar a Marina". Não é bom conviver com uma Marina estressada. Sabemos todos muito bem disso!



Suas amizades são duradouras. É reservada, mas quem conquista  sua confiança tem a amiga mais fiel e leal do mundo!

Profissional responsável, preparada, focada, centrada, dedicada e com uma noção de limites que me deixa boquiaberta! Como tenho aprendido com a minha filha!




E ai,  aconteceu o amor... Quando tinha que acontecer. Com quem tinha que acontecer. Virou Yamit, saiu de casa e juntos, constroem suas vidas, projetos e sonhos!  E é tao bom vê-la florescer na relação madura, respeitosa e onde o melhor de cada um sobressai e se supera!




Hoje ela completa 27 anos! Vinte e sete anos de raios de sol  na minha vida! De um amor que só aumenta e cresce em orgulho e admiração pela pessoa linda em que ela se transforma a cada dia. Todos os dias! Generosa, companheira, preocupada. Atenta às necessidades dos outros. O "hello" tão familiar que espero todos os dias ao telefone. Olho pra minha filha e me pergunto quando foi que ela cresceu e como foi que ela se tornou tudo isso por ela mesma...  Como é que filhos se transformam em adultos à nossa revelia? Independentes e sábios, desconectados do cordão umbilical  passivo, sob a ilusão de que nos pertencem?

Minha Marina Morena Marina. Mari. Má. Nina. Ninoca. As marés  estavam realmente em formações inspiradas  no dia do seu nascimento!  Co-autoro o que o  pai escreveu quando ela completou 18 anos:  "Sempre quis ter uma filha. Tive a mais linda de todas!"






















3 comentários:

  1. Parabéns, Maria Alice! Que presente tem a Marina de uma mãe como você! Beijos!

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    1. Presente mesmo são os filhos que ganhamos, né??? Obrigada, Zelia!! Adoro o seu incentivo!! Bjs

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  2. Que coisa mais linda amei ler tudp isso. Parabens Marina Parabéns mamãe de Marina por compartilhar com a net um presente tao lindo assm. Filhos crescem mas devem continuar assim doces e fofos como bebês
    Eu amei ler tudo isso. Bjs

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