sábado, 13 de janeiro de 2018

Eu hoje acordei sessenta!






Hoje acordei sessenta. Eufemismo para sexagenária. SEXAGENÁRIA!!! S.E.X.A.G.E.N.Á.R.I.A. 

Ontem, ainda ontem, apenas ontem, tinha cinquentas. E anteontem, quarentas. E um pouco antes, trintas. Há uns diazinhos, vintes. E antes, era adolescente. Bastava olhar um pouquinho pra trás,  e era criança. Nasci.   Mas foi logo, já, então, nos ponteiros tangíveis do tempo na palma da minha mão.

Não vivo, cresço,envelheço dentro desse tempo  que corre desenfreado, incontrolável e indomável. O meu tempo tem outra contagem. Desconheço esses  segundos que devoram minutos que devoram horas que devoram dias que devoram semanas que devoram meses que devoram anos que devoram décadas que devoram seis décadas. O meu tempo é outro. É tempo iô-iô. Flexível, estica, encolhe, pausa, serena, apressa apenas o necessário, acolhe e dá chão.  Chão fincado e chão alado. Chão de pedra e chão de estrelas. 

O meu tempo é soneto. Tem quartetos e tercetos. E muitos versos decassílabos. Nessa métrica, sessenta é tanto e é tão pouco! Sessenta é tantas possibilidades! 

Sessenta é número inteiro. Indivisível. Tudo que sou, fui,  li, vivi, ouvi, senti, ri, chorei, conheci, amei. Todos os sóis, todas as luas. Todos as pessoas. Todos os Pessoas. E Chico. 

Sessenta é ciclo zodiacal chinês: 12 animais com 5 variações. Completar sessenta é completar o ciclo com sabedoria acumulada e começar um novo ciclo com a excitação infantil que todo recomeço provoca. 

Sessenta é 4 x 15. É  ser irmã das minhas 3 irmãs e do meu irmão e agradecer os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos. E saber a sorte de ter sido gerada pelo meu pai e pela minha mãe e fazer parte dessa grande família!

Sessenta é 2 x 30. É multiplicar infinitamente o meu amor infinito pelos meus dois amores maiores e melhores: Daniel e Marina.

Mas sessenta é, sobretudo, seis ciclos de dez! Seis décadas! De  tantas vivências... De tantas experiências... De tantos aprendizados... De tantas memórias cultivadas e cuidadas ...

Penso nas minhas décadas como linhas mágicas que se estendem num crescente de horizontes lilases. Ao final de cada década, a linha dá um nozinho invisível e se abre na próxima década. Esse nozinho não é para fechar ciclos, não. É apenas  para marcar transformações importantes. E para servir de ponte. Ponte que une todas as pessoas importantes da minha vida e costura as minhas memórias e afetos. A cada década, vejo o novo horizonte lilás brilhar mais e mais intenso. E mais e mais pessoas atravessam essa ponte comigo. Fisicamente. E também no coração.

Seis décadas. Seis nózinhos. Seis horizontes. Cada um(a)  com sua marca. Cada um(a) inesquecível. Cada um(a) um fragmento de mim. Dessa que fui me tornando e hoje sou. Até ser outra.




A primeira década me deu a melhor infância possível! E minhas primeiras experiências de amizade! Salve, Belo Horizonte! Salve, Rua Ramalhete!Salve, Serra!




A segunda década me deu a melhor adolescência possível! E meus primeiros amores e descobertas de mundo! Salve, General Glicério!Salve, Colégio de Aplicação! Salve, Sparta, Michigan!




A terceira década me deu a faculdade e minha profissão. E me deu o  casamento. E me deu, principalmente, Daniel e Marina, meus norte, sul, leste e oeste e qualquer referência e tudo de maior e mais maravilhoso e importante e essencial! Salve, USP! Salve, YES!  Salve, Luiz Fernando! E salve, infinitas vezes, Daniel e Marina!





A quarta década me deu o mais além, o mundo fora, a ponte que aproxima e acolhe. E me deu sotaque porteño e sotaque boríquo! Salve, Argentina! Salve, Porto Rico!




Na quinta década, fiquei loira!  Mudei de cidade e mudei de novo e conheci tantos lugares.E meus filhos cresceram... E trouxeram seus amigos. E tivemos tantas férias legais.   E aprendi tanto e tanto e tanto! Salve, Rio! Salve, São Paulo! Salve, Granja!  Salve, Juquehy! Salve, pequeno grande mundo!




A sexta década foi a mais importante profissionalmente. Habilidades, potências, excelências, adaptações, sustos, perdas, conhecimentos, avaliações, olhares, ajustes. Apoios e parcerias que fazem tudo valer a pena! Recomeços. Doídos. Inesperados. Confortadores. Recompensadores. Salve, In Place! Salve, educação!

Hoje aperto mais um nózinho. Bem apertadinho pra não deixar nada  e ninguém escapar. Olho a ponte atrás de mim e todas as pessoas que, para minha alegria, seguem juntas na minha travessia. São tantas e tão queridas.  E tão importantes e tão fundamentais.

Olho o novo horizonte piscando lilás.   E penso: vai ser bom... vai ser bom demais!!!







2 comentários:

  1. Chorei.... muito emocionante!
    Muito feliz, também, por fazer parte da segunda década... e de outras ... e das tantas outras que virão. Parabéns, amiga tão querida!

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    1. Que bom que vc gostou e que faz parte desde a segunda década!!! E outras virão!! Bjs, querida!!

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