sábado, 25 de março de 2017

Sir Elton John, KBE. 70 anos.


A Ordem do Império Britânico  - "Para Deus e pelo Império" - foi criada pelo Rei George V em 1917 para honrar civis que tivessem contribuído com  feitos heroicos durante a guerra. Atualmente, a honraria estende-se aos cidadãos que se destacam na sociedade britânica. Assim, políticos, artistas, esportistas, cientistas, etc têm sido condecorados por suas excelências. A lista de indicados é analisada por um comitê,  submetida ao Primeiro Ministro e , por fim, levada à Rainha para a  decisão final. A cerimônia de investidura é realizada no Buckingham Palace pela  própria Rainha, e , na sua ausência ou impossibilidade, por outro membro graduado da Família Real. São cinco as ordens hierárquicas de condecoração e apenas as 2 mais altas dão direito ao uso de Sir, o título mais tradicional da maior monarquia do mundo.






Elton John foi condecorado em 1998 como Knight, Commander of the Order of the English Empire (KBE), sendo, desde então, Sir Elton. Reverência justa ao músico que tem escrito uma das histórias de maior sucesso no mundo. Mundo mais amplo do que letras e músicas, e que se estende ao seu reconhecido ativismo contra a AIDs e pelos movimentos sociais LGBT.

Elton John entrou na minha vida no início dos anos 70.   Skyline Pigeon, da  trilha musical da novela Carinhoso, foi a primeira música  dele que me marcou. Acho. Foram tantas músicas na sequência que não tenho mais certeza da cronologia. Mas lembro-me das aulas do IBEU em que a gente implorava pela letra da música. E cantava e cantava!





Rocket Man veio em seguida. Avassaladora! Tornou-se um verdadeiro hino!Na época, eu tinha uma amiga que morava no Leme, na Avenida Atlântica. Angela. Passávamos as tardes na casa dela, janelão pro mar, ouvindo Rocket Man sem parar. Sem parar. Sem parar.





Your Song foi determinante e é definitiva. Ainda que anterior a Skyline Pigeon e Rocket Man, para mim, chegou depois.  Dizem que ela foi feita em tempo recorde: Bernie Taupin escreveu a letra durante o café da manhã e Elton John levou 20 minutos pra compor a música.  Seja como for,  atravessa as décadas e as gerações como uma das músicas mais belas de todos os tempos!Em qualquer ritmo, em qualquer versão!





Mas foi Daniel a música que estabeleceu o  meu vínculo inquebrantável e indissolúvel com Sir Elton! Da primeira vez que a ouvi.  Indescritível e inexplicável. Ou tão indescritível e inexplicável como indescritíveis e inexplicáveis são as emoções que as artes nos provocam de forma pessoal e intransferível.  Daniel. Do you still feel the pain of the scars that won't heel. Daniel. You're a star in the face of the sky. Daniel. E se um dia eu tivesse um filho, o seu nome seria Daniel!






Goodbye Yellow Brick Road foi o meu primeiro grande álbum! Ganhei no Natal de 1973. Quatro LPs da maior qualidade! Músicas que marcaram a minha geração: Goodbye  Yellow Brick Road, Bennie and the Jets, Sweet Painted Lady, This Song Has No Title, All the Gilrs love Alice, Candle in the Wind e  tantas mais. A capa era maravilhosa! E, até o lançamento do The Wall do Pink Floyd, esse foi o meu álbum preferido! Mas  como competir com The Wall?




Tive a sorte de assistir a dois de seus shows: no Ibirapuera em 1995 e no Rock in Rio em 2011. Emoção. Muita emoção. Privilégio  ver ao vivo aquela figura extravagante, transgressora, com aqueles óculos espalhafatosos e os sapatos indiscretos, tocando a minha alma e as minhas memórias tão suavemente nas teclas do seu piano. Vê-lo no Rock in Rio foi especialmente emocionante. Em parte, por ouvir, pela primeira vez ao vivo, Tiny Dancer, música que se tornou, aos poucos e tardiamente, uma das minhas preferidas. Ainda hoje, fecho os olhos e consigo reviver aquele momento.




A verdade é que Elton John nunca  saiu da  minha trilha sonora.Nunca. E dentro da minha lista pessoal de vida, quatro de suas musicas sempre terão posição assegurada: Daniel. Sempre em primeiro lugar. E Rocket Man, Your Song e Tiny Dancer. Não necessariamente nessa ordem. Não necessariamente em qualquer ordem.

E fico pensando na sorte de pertencer a geração que adolesceu e adultou sob a sua influência musical. E na sorte de estabelecer referências musicais dessa qualidade.

E assusto-me com esse tempo que passa, corre, voa. E custo a crer que Elton John esteja completando 70 anos. Sete décadas. E custo mais ainda a  crer que faço parte de praticamente seis décadas dentro dessas sete.

Ao mesmo tempo, surpreendo-me com esse tempo quase estático, repetitivo e consistente que me permite  reviver e perpetuar  as memórias emocionais que sustentam a construção de novas memórias. São esses tempos musicais atemporais que pontuam, afinal,  a minha  própria temporalidade.

A minha vida tem sido trilhada em pautas musicais.  Às vezes intensas e ruidosas. Às vezes alegres e palpitantes. Ou românticas. Ou sofridas. Ou poéticas. Suaves. Belas. Tão belas. Ou nada. Apenas sons. Confusos e difusos. Mas que são eu.

Long live the Sir! Feliz 70 e muitos mais!




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