(Canção das Misses)
Ontem foi o concurso de Miss Universo 2017. Pela primeira vez, a nossa representante foi negra. Belíssima! Mas, infelizmente, nem chegou a figurar entre as 9 finalistas. Venceu a representante da França, de beleza genérica e morna e já caída no esquecimento.O que importa?
A verdade é que esses concursos de beleza estão, a cada ano, mais anacrônicos e descabidos. Inúteis. E que em nada contribuem para qualquer impacto no conceito de beleza ou de multiculturalidade. Pelo contrário, chegam a ser patéticos. Jovens de belezas ajustadas e retocadas, sem emoção e de conteúdo medíocre e limitado. Ainda nos moldes do Pequeno Príncipe e da paz mundial.
Para as mulheres da minha geração, um imenso saudosismo da época de ouro desses concursos! E que época! E que ouro!Que maravilha era acompanhar e torcer! Maiôs Catalina. Trajes típicos. E os deslumbrantes vestidos de gala! Treinadas a mão-de-ferro pela inesquecível Maria Augusta da Socila. E o Maracanãzinho? Palco dos sonhos!
Esses concursos eram solenes, formais, nobres, cheios de glamour! Apresentadores e jurados vestiam-se com esmero, tinham honradez, altivez, deferência.
Fomos referência de beleza na América Latina durante décadas. E produzimos misses de quilates inestimáveis! Misses dos pés a cabeça. Majestosas! Como jamais esquecer Martha Rocha? Adalgisa Colombo? Terezinha Morango? Ieda Maria Vargas? Pra mim, a mais bonita de todas! Martha Vasconcelos? As gêmeas Ana Cristina e Maria Elizabeth Ridzi? Vera Fischer?
Minha infância foi marcada por estes concursos. Grudada na TV. E nas capas da Manchete, Fatos e Fotos e O Cruzeiro.
Quantas vezes reproduzimos os concursos nos paralelepípedos da Rua Ramalhete em Belo Horizonte! Da TV para a rua da minha infância! Passarela querida do nosso imaginário feminino! Inventávamos trajes típicos e improvisávamos vestidos de gala para desfilar, empoderadas, diante da comissão julgadora formada por irmãos e amigos do sexo masculino! Gloriosas tardes!
De tantos desfiles naqueles anos, lembro de dois em particular e com imenso carinho. Ambos na minha casa. Desfilávamos na sala, ao som da radiola que tocava músicas clássicas. Num deles, tia Nenem, minha tia-avó por parte do meu pai, fazia parte do juri, e, enquanto eu desfilava, ela, que era pianista clássica, ouvia a música e não parava de me chamar; "Maria Alice, parece que estamos no céu!!". Fiquei com muita raiva, porque ela realmente atrapalhou o meu desfile.
A outra lembrança que guardo, saudosa, é do meu primo Carlinhos, já falecido, que calhou de estar lá numa dessas temporadas e foi o apresentador oficial do desfile. Ele adorava anunciar as medidas no desfile de maiô, frisando sempre: 'Busto: ausente". Claro, éramos todas meninas de 6 a 10 anos!! Mas ele anunciava sempre com a maior ênfase!
Esses concursos hoje são bregas e sem importância. Em sintonia com a superficialidade e inutilidade do que define beleza. Num mundo onde estética ainda é determinante, mas que conflita com as belezas que realmente importam, tornaram-se sem sentido. Ainda bem!
Mas eu, ainda assim, por saudosismo teimoso , insisto. Ainda que seja para comprovar que duas polegadas, definitivamente, não fazem a menor diferença. Ou fazem TODA a diferença!
Muito legal. Adoro suas histórias ou estórias de causos no passado. Consigo visualizar como eram as coisas numa época em que não tinha nascido....
ResponderExcluirhahaha Nesse época, enquanto a gente, inocentemente brincava de miss na Rua Ramalhete, você já era lenda entre as meninas da Serra!!!!! Bjs
ExcluirAdorei! Eu amei cada concurso, sabia todas as misses, imitava, curtia! Tínhamos no prédio da rua Farani os nossos concursos com faixa de fitas com letras douradas, coroa e manto!!! Hahahahahahaha, tenho até uma foto, claro, me achando! Aí perdi e só faltei avançar na Miss Brasil!!! Rindo muito aqui!
ResponderExcluirZelia, uma pena que essa magica tenha se perdido... E nenhuma outra a substituiu! Bjs
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