Rubem Alves dizia que num mundo com informações acessíveis nos teclados, o professor não deveria ensinar nada. Nada. Apenas espantos. Matemática, geografia, biologia e demais matérias estão nos livros, na internet, em todo lugar. Mas não os espantos. Os espantos precisam ser aprendidos, apreendidos, descobertos, valorizados.
Adoro pensar na profissão de professor sob a ótica do espantoso!
Embora seja de uma geração em que a informação ainda precisava ser ensinada, foram os meus professores de espanto que me tocaram e transformaram. E provocaram inquietudes e despertaram curiosidades. E uma grande alegria pelo pensar!
Tive sorte. Tive grandes mestres que estabeleceram altíssimos padrões de educação possível. E me ensinaram que a função maior da educação é promover encontros. Todos os tipos de encontro. Com pessoas, com mundos, com o mundo. Mas, principalmente, o encontro com o nosso íntimo tímido e inseguro. Mas ávido por espantar-se. Por encantar-se. Pois é no encontro com o encantamento - verdadeiro, intenso, desprevenido - que o aprendizado se revela!
Talvez seja esse o maior desafio da educação atual. Mais do que propor novas estruturas ou reformular conteúdos, deve-se resgatar o fundamental. E o fundamental ainda é se espichar e contorcer para ver um pouco mais além. Ver pelo buraco da fechadura. E espantar-se e encantar-se com as possibilidades do outro lado!
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