Lá atrás, no início dos mundos, os deuses criaram as mães e as corujas. Eram tão parecidas que se confundiam até não se saber mais quem era a qual ou qual era a quem. Os deuses, reconhecendo nelas contenção e amor suficientes, delegaram-lhes a responsabilidade de proteger e zelar por todas as proles para que os mundos prosperassem.
Mas havia nas mães um orgulho incontrolável que, por vezes, teimava em se exibir. Os deuses, cientes dessa particularidade, decidiram então conceder-lhes um dia por ano para que esse orgulho aflorasse livremente.
Desde então, todo segundo domingo do mês do maio, todas as mães de todos os mundos transformam-se em pavoas imperiais. Altivas, extravagantes,emocionadas e exageradas. Sem qualquer pudor, desfilam seu orgulho mais desmedidamente orgulhoso.
No entanto, temerosos de que a vaidade maternal as cegasse naquele dia, colocando mesmo em risco a proteção das proles, os deuses incrustaram, disfarçados de adornos, os olhos das corujas.
E é por isso que cada pavoa porta, na exuberância de suas caudas, mais de cem olhos alertas e vigilantes.
E assim tem sido ao longo dos tempos dos mundos.
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