segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Memória.

Durante as longas noites de insônia, é na minha memória que desafio o tempo que conta parado ou para trás. Entre as paredes das minhas lembranças difusas e desconexas, busco refúgio e experimento fragmentos que tudo me permitem. Liberto-me. E visito lugares muito além das fronteiras permitidas nos mapas. E vivo tempos passados e futuros como se um e outro fossem o mesmo. E sou tantas pessoas quanto consiga ser nesses tempos e espaços indefinidos. Tenho as idades que quero e brinco com cabelos e roupas. Aprendo e desaprendo  o que me convém. Vivo e revivo amores e esqueço desamores. Reinvento a minha vida, as minhas vidas. Perco-me de mim mesma sem saber onde e encontro-me sem querer na primeira luz do novo dia. Recolho, então, os meus fragmentos até que a minha memória me salve de alguma outra noite em que ser apenas eu não me descanse. 





(Publicado no Grupo Minicontos em 29/11/2015. Palavra tema: MEMÓRIA)




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