Quando moramos em Belo Horizonte, íamos à Ouro Preto toda Semana Santa. Uma das simpatias locais era entrar em sete igrejas e, na última, ao sair, dar esmola a um dos inúmeros meninos pedintes que rondavam os visitantes e perguntar-lhe o nome: aquele seria o nome do seu futuro marido! Em uma dessas visitas, minha irmã mais velha, já adolescente, cumpriu o ritual e o nome do menino era Homero de Jesus. Ela não se casou com um Homero de Jesus, mas com um Darc Antônio, o que, para efeitos práticos, é quase a mesma coisa!
A Beth conheceu o Darc num ônibus quando já estávamos de volta ao Rio. Ele, estudante da PUC e morador do Cosme Velho. Ela, estudante do CAp-UFRJ e moradora da Rua General Glicério em Laranjeiras.
O Darc morava numa casa dessas coloniais na Rua Cosme Velho. Seu pai, OBVIO, também se chama Darc. Darc Francisco. Um senhor alto, com cara de bravo, mas de grande coração. O tratamento carinhoso era "macaca" e brincava sempre que tinha acabado de passar pela banca do Seu Mario, figura mais do que conhecida na General Glicério, para ver a última revista que falasse do Chico (ele mesmo, o Buarque), só pra implicar comigo ( eu já era chiquete assumida naquela época!). Sua mãe era Nair, o que nos rendeu trotes sem fim, em gargalhadas que não conseguíamos conter, inspiradas no personagem do Jô Soares que ligava sempre para "Nair, sua vaca, capivarona",etc."Ele tinha 2 irmãos, Paulinho e Ivan, e uma irmã, Monica.
Eu tinha 12 e a Andréa 10 anos na época do namoro. Íamos sempre pra fazenda do pai dele, no Vale das Videiras, na época, uma aventura com direito a atoleiros, lamaçais e luz de lampião. A diversão favorita era o famoso jogo do copo, com espíritos que vinham nos visitar e revelar segredos. Uma vez, o Paulinho e seu amigo Jorginho fizeram várias gravações de correntes se arrastando, redes rangendo, portas batendo e puseram no nosso quarto. Quando fomos dormir, ouvimos os barulhos e, muito impressionadas com o jogo, saímos gritando e chorando pela casa! Fizemos também um filme épico, a feiticeira do Salém, em que a Andréa aparecia em vários pontos da fazendo com os seus feitiços. A Andréa, uma vez, ganhou um pintinho. Polegarina. O desgraçado piava sem parar e quando cresceu o suficiente para um apartamento, foi levado para a fazenda. Toda vez que chegávamos, a Andréa corria para ver a Polegarina! Dna. Nair sempre apontava uma das galinhas e a Andréa acreditava piamente que ela viveu anos e anos, quando, provavelmente, já tinha virado canja há tempos! Tenho ótimas lembranças dessa época!
Darc e Beth casaram em 1972. Em 1974 nasceu, segundo suas próprias palavras, a decepção Marcela. Em 1976, ainda segundo suas próprias palavras, a grande decepção Flavia. Apenas em 1979 ele foi devidamente presenteado com o sonhado varão Eduardo.
Vocês tinham que conhecer o Darc pra entender minimamente a figuraça que ele é. Impulsivo, intempestivo e reativo. Levantar da mesa contrariado é lugar comum. Desconfiômetro zero! Visões políticas muito particulares e controversas. Apaixonado por causas, dedicado a projetos até às últimas consequências. Agregador e articulador. Nacionalista. Leitor voraz e dono de uma das bibliotecas mais completas e diversas que conheço, com cada livro cuidadosamente catalogado. Fluminense, claro. E vaidoso como poucos. Gosta de ternos, de casacos, de chapéus. Folião nos áureos tempos, adorava ir ao centro durante o carnaval. Consta nos autos da família que era figura frequente no Bola Preta... Provedor, cuidador, preocupado. Cheio de recursos, não se aperta nem se intimida. Uma das melhores foi quando a sogra norueguesa da Flavia veio ao Brasil e ele soube que ela estava gripada. Não titubeou: "do you have the grips?" E são tantas e tantas pérolas ao longo dessas quase 5 décadas de convivência!!
Mas o Darc é, sobretudo, generoso. Como poucos. Acolhedor. Como poucos. Adora a casa cheia, a mesa cheia, a família reunida. A fazenda do pai, agora dele, tem portas e coração abertos para quem quiser. Tem sido o local preferido das celebrações de Ano Novo e foi crescendo, crescendo, crescendo para acomodar a família que também não pára de crescer. Não há limites para o que ele proporciona para essas temporadas.
Tornou-se um avô incrível! São 4 netos e 1 neta. Os netos noruegueses, loirinhos, são a cara dele, claro! O filho do filho é o TRONCO! E com os gêmeos, de urros e choros como se vissem o bicho papão à convivência amorosa que ele sempre constrói. Ele não dá o braço a torcer, não! Visita os netos, leva aos jogos de futebol, ajuda com os estudos, conversa, se emociona.
Mas o mais fantástico dessa figura que é o meu cunhado é o universo paralelo em que ele vive. Quem o conhece sabe o que estou dizendo. Costumo brincar dizendo quem na minha próxima encarnação, quero nascer nesse mundo. Que mundo fantástico! Lá, ele não é o amigo do rei. Ele é o próprio rei! Príncipe das Astúrias Negras. Tudo é sobre ele, para ele, com ele, dele. Lá, ele está sempre certo. Sempre é ovacionado, reconhecido, admirado. E é sempre assediado. Dos tempos de adolescência no Cosme Velho aos dias atuais, a mulherada não dá trégua. Minha irmã não imagina o que ele passa! Aliás, minha irmã é a mulher mais feliz do mundo e não tem ideia da sorte que tem pela vida fácil que ele luta para proporcionar. ! A dele é que é dura, difícil. E, acreditem, os suspiros profundos geram empatia!
Essa figura está completando 70 anos! 70 anos que lhe rendem um considerável legado. Uma família unida e estruturada. Uma carreira consolidada. Amizades duradouras. Interesses e projetos diversos que lhe garantem ocupação, diversão e conhecimentos renovados.
Mas a maior sorte da sua vida foi, sem dúvida, pegar aquele ônibus voltando da PUC. Não só conheceu a mulher mais incrível do mundo, como ganhou, de quebra, as melhores cunhadas!!
É certo que cunhado não é parente. Mas após quase 5 décadas de convivência, o Darc chega bem perto do parentesco. Muito bom tê-lo em nossas vidas! Aliás, não há nem como imaginar as nossas vidas sem ele!
Pelos 70 bem vividos e todos os anos ainda por vir: SAÚDE, ALEGRIAS E QUE O SEU MUNDO PARTICULAR SEMPRE CRESÇA E FLORESÇA!
Essa figura está completando 70 anos! 70 anos que lhe rendem um considerável legado. Uma família unida e estruturada. Uma carreira consolidada. Amizades duradouras. Interesses e projetos diversos que lhe garantem ocupação, diversão e conhecimentos renovados.
Mas a maior sorte da sua vida foi, sem dúvida, pegar aquele ônibus voltando da PUC. Não só conheceu a mulher mais incrível do mundo, como ganhou, de quebra, as melhores cunhadas!!
É certo que cunhado não é parente. Mas após quase 5 décadas de convivência, o Darc chega bem perto do parentesco. Muito bom tê-lo em nossas vidas! Aliás, não há nem como imaginar as nossas vidas sem ele!
Pelos 70 bem vividos e todos os anos ainda por vir: SAÚDE, ALEGRIAS E QUE O SEU MUNDO PARTICULAR SEMPRE CRESÇA E FLORESÇA!
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