"O meu caminho eu escolho... Tirando o cisco do olho... Enxergo longe, me arrisco... Sou como o Rio São Francisco."
(São Francisco - Moraes Moreira)
Passei a minha infância em Belo Horizonte. Minhas primeiras lições de geografia, foram, portanto, dentro das linhas que formam aquela mapa com nariz esquisito!
Não me lembro de muita coisa. Mas não havia como passar incólume pelo Rio São Francisco!
"O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e desemboca no Oceano Atlântico na divisa entre Sergipe e Alagoas. É o maior rio totalmente brasileiro e banha cinco estados: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. É navegável entre Pirapora em Minas Gerais e Juazeiro na Bahia.. Foi descoberto por Américo Vespúcio em 1501."
E acho que é tudo o que consegui guardar. Seja como for, fica uma referência, uma reverência à entidade mítica que é patrimônio histórico, geográfico, econômico e afetivo.
Quando tinha 10 anos, fui conhecer Brasilia com meu pai e minha irmã. Fomos de carro. Cruzar a ponte sobre o Rio São Francisco era parada obrigatória e para ser registrada em foto! Ali... Ali estava o Velho Chico...
Não que alcançasse o significado ou a importância real do Rio naquela idade. Mas quem tem alguma coisa de mineiro correndo nas veias físicas ou emocionais, mesmo sem saber ou querer, também deixar correr por dentro as suas águas!
Essas memórias doces se misturam com o amargo das transformações que o Rio vem sofrendo. Quanto mais o Velho Chico agoniza, mais a nossa consciência sobre o descaso ou exploração abusiva se indigna. Não se altera, estranhos gananciosos, a relação de amor e cuidado de quem sabe o valor do seu rio sem dor e sem perda.
Nossa malha hidrográfica tem encolhido em largas braçadas. Medidas ambientais urgentes e necessárias já têm seu prazo esgotado. E o Velho Chico surge como símbolo dessa teimosia em continuar aguando, ainda que com cursos alterados!
Quantas terceiras e quartas margens serão necessárias para ouvir os murmúrios de quem só quer correr belezas e poesias úmidas?
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