Yamit, em hebraico, quer dizer "do mar". E foi o nome escolhido pela minha filha ao completar ontem a sua preparação de conversão ao judaísmo. Nessa conciliação entre nomes, a intenção era manter a mesma origem de Marina. E Yamit é um nome tão bonito!!
Minha família tem uma longa história com o judaísmo e que talvez a simples casualidade não explique. Meus pais conviviam muito intimamente com a comunidade judaica do Rio de Janeiro. Crescemos chamando Doras, Berthas, Claras, Isaacs, Betholdos, Meiers e todos os seus sobrenomes impronunciáveis de tias e tios.
Estudei no Colégio de Aplicação da UFRJ, que, na época, concentrava número expressivo de judeus. Além disso, morava em Laranjeiras, pertinho do Clube Hebraica. Minha adolescência foi entre bar mitzvahs dos meus amigos, festinhas dançantes na Hebraica e a consolidação de amizades que ainda duram e me acompanham.
Coincidentemente - ou não - meus melhores amigos incorporados através do casamento também são judeus.
Não é de se estranhar, portanto, que meus filhos também tenham formado amizades sólidas dentro do judaísmo.
No entanto, a decisão pela conversão vai além da naturalidade e familiaridade trazidas pela convivência. A conversão requer identificação. Significa reconhecer-se dentro da essência daquela religião mais do que periférica a ela. Implica em abraçar a filosofia, rituais e fé por opção consciente e não por tradição familiar. Resulta da ponderação sobre o que aproxima contraposto com o que se opõe.
A conversão refletida e madura é mais crítica, mas também mais tolerante. Ela permite convivências justamente por trazer vivências anteriores que fazem parte e trazem identidade pessoal e familiar.
E é nesse contexto que minha filha se tornou, a partir de ontem, judia. Após um ano de preparação e dedicação, foi acolhida na comunidade judaica. Pude acompanhá-la à mikveh para sua imersão na água e fiquei orgulhosa da minha filhota tão determinada e comprometida!
E embora não funcione assim, reclamo, por direito, meu direito a uma merecida porção de mãe judia. Anos de convivência com a comunidade, de uma certa forma, já me habilitam. E agora, como mãe de judia, não deveria me tornar mãe judia por extensão?
Mas uma coisa é certa: nunca haverá Yamit tão linda, graciosa, generosa, brilhante (palavras do rabino!) e determinada quanto a minha Marina!
Mazal Tov!!
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