segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Que horas ela volta? e o Brasil no Oscar

"Uma tela enorme e vazia...Eu tive medo... Do que enxergaria ali mais tarde... Ou mais cedo..." (A Primeira Vez, Mamãe, Que Eu Fui Ao Cinema - José Miguel Wisnik).

Que horas ela volta?, de Anna Muylaert será o candidato do Brasil a Melhor Filme Estrangeiro na premiação maior do cinema em 2016. Já com prêmios internacionais e ótima avaliação da crítica especializada, o filme vai concorrer com outras indicações de peso, como o mexicano "Gueros", o húngaro "Son of Saul", o francês "Deephan" e o turco "Mustang". O anúncio dos cinco finalistas será em 14 de janeiro.

A relação da nordestina Val e seus patrões chega às telas trazendo frescor e ocupando o espaço ainda pouco prestigiado do nosso cinema, colocando-se entre a comédia popular e a densidade de propostas mais artísticas, e retratando com leveza de crônica as profundas transformações sociais recentes do nosso pais.Com humor e delicadeza, Que horas ela volta? disseca as camadas complexas e conflitantes do preconceito, desigualdade, dependência, lealdade e afetividade que definem e confundem o vínculo duradouro e estabelecido entre as hierarquias brasileiras. As fronteiras sociais, legais e emocionais apenas começam a ser questionadas e lentamente transpostas.

O Brasil concorreu na categoria de Melhor Filme Estrangeiro  em quatro oportunidades: O Pagador de Promessas (Dias Gomes - 1963); O Quatrilho (Fabio Barreto - 1996); O Que É Isso, Companheiro? (Bruno Barreto - 1998) e Central do Brasil (Walter Salles - 1999). Participação modesta, mas, ainda assim, motivo de orgulho para a nossa indústria cinematográfica sem, potência e solidez e que ainda luta com tantas dificuldades para viabilizar qualquer projeto.

A indicação de Que horas ela volta? será a quinta tentativa consecutiva de incluir produções brasileiras na competição com outros cinemas mundiais: Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro (José Padilha - 2012); O Palhaço (Selton Mello - 2013); O Som ao Redor (Kleber Mendonça - 2014) e Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Daniel Ribeiro - 2015).

Mais além, o filme de Anna Muylaert foi o escolhido entre outros sete para representar o Brasil. Ter como opções oito produções aponta o crescimento e amadurecimento  do nosso cinema

em qualidade e diversidade temática. E já lhe imprime identidade, robustez e referências de reconhecimento.

Ainda é pouco para o nosso potencial!Contamos com profissionais competentes e criativos em todas as categorias para atender a todas as demandas e funções do cinema!

Mas uma hora a nossa hora da estrela chegará! Quem sabe não será pelas mãos da nossa Val-Macabéa?




4 comentários:

  1. Maria Alice querida,parabéns pelo Alice Que Me Disse - que nome bom! - e vou ficar assídua! Hoje, estou aqui brindando a sua chegada com a ótima resenha do filme e muitas borbulhas de prosseco virtual! Boa sorte, merde, auguri e whatever que queira dizer sucesso!

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  2. Zelia!!!!!! Delícia!!!! Legal o nome, né? Também gostei... Ficou do jeitinho... Tô feli e animada com o projeto!! Venha me visitar sempre!! E no final dessa semana tem Maya, heim??? Bjs

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  3. Fui ver hoje. Amei. Além do show de interpretação da Regina Casé,a combinação perfeita de comédia e tensão, aliadas à linda fotografia e trilha sonora que acompanha com perfeição o ritmo do filme, demonstram o cuidado e o profissionalismo em todos os detalhes. A trama é sutil e faz pensar na infinidade de relações humanas, seus textos e subtextos. Muito denso e leve, Difícil combinaçao.

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    1. Que bom que você foi! Bom demais, ne? Impossivel não se reconhecer, em algum momento, em algum aspecto daquelas relações. Filme que emociona tanto quanto incomoda pela natureza tão pessoal e familiar a todos nós.

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