domingo, 8 de maio de 2016

O dia das pavoas.

Lá atrás, no início dos mundos, os deuses criaram as mães e as corujas. Eram tão parecidas que se confundiam até não se saber mais quem era a qual ou qual era a quem. Os deuses, reconhecendo nelas contenção e amor suficientes, delegaram-lhes  a responsabilidade de  proteger e zelar por todas as proles para que os mundos prosperassem.

Mas havia nas mães um orgulho incontrolável que, por vezes, teimava em  se exibir. Os deuses, cientes dessa particularidade, decidiram então conceder-lhes um dia por ano para que esse orgulho aflorasse livremente.

Desde então, todo segundo domingo do mês do maio, todas as mães de todos os mundos transformam-se em pavoas imperiais. Altivas, extravagantes,emocionadas e exageradas. Sem qualquer pudor, desfilam seu orgulho mais desmedidamente orgulhoso.

No entanto, temerosos de que a vaidade maternal as cegasse naquele dia, colocando  mesmo em risco a proteção das  proles, os deuses incrustaram, disfarçados de adornos, os olhos das corujas.

E é por isso que cada pavoa  porta, na exuberância de suas caudas, mais de cem olhos alertas e vigilantes.

E assim tem sido ao longo dos tempos dos mundos.





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