quinta-feira, 8 de setembro de 2022

"God save our gracious Queen."

 



Quem me conhece sabe o quanto sou admiradora da Rainha Elizabeth! Eu costumava dizer que quando o mundo - e  também  o meu mundo particular -  parecia caótico e sem sentido, ter certeza da presença dela era a ordenação necessária para que tudo voltasse ao normal possível e suportável.

Her Majesty. Setenta anos de reinado. A primeira coroação transmitida pela TV. Testemunhou as grandes transformações do seu tempo. Viveu os períodos das maiores mudanças. Elo entre o passado glorioso e o presente incerto. 

Her Majesty. Digna. Altiva. Elegante. Discreta. Gentil. Alegre. Admirada. Respeitada. Reverenciada.  

E acho que é por isso tudo que sou súdita leal e assumida. Preciso de mitos que elaborem o que a lógica nem sempre explica. Preciso de mitos que assegurem que tudo tem o seu momento, o seu lugar, a sua linguagem. Não é essa, afinal, a função dos mitos?   

A Rainha Elizabeth personificou os protocolos e os cerimoniais. Com eles, o apaziguamento de conflitos e o despojamento dos interesses e vaidades. Nos rituais rígidos e metódicos, a estabilidade, a segurança, a normalidade. Na sua majestade, a capacidade de adaptar-se aos tempos sem fraquejar e sem deixar de cumprir o seu papel.

O mundo perde hoje a sua Rainha absoluta e insubstituível. Uma Era se encerra. Gloriosa, vitoriosa, digna. Em tempos tão difíceis e com tantas indignidades e falta de grandeza, o exemplo da Rainha fará muita falta.  Uma nova Era  se inicia. Diferente, incerta, frágil.

E eu? Particularmente? Perco Mi Reina, My Queen. E sinto uma certa vertigem. Medo de pisar no chão cambaleante, daqui por diante, e tatear a  sua não-presença para me garantir que tudo segue bem no  mundo.   

Encerro com um dos seus maiores ensinamentos: "It has been women who have breathed gentleness and care into the harsh progress of mankind." .





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