domingo, 14 de agosto de 2016

Porque mãe é tudo igual. Mas cada pai é único.

O meu pai:





- Chamava-se Edgard e era o terceiro entre os dez filhos de Alberto e Ottilia.

- Nasceu no Rio de Janeiro em 1922  e morreu em São Paulo em 1983.

- Veio de uma família onde irmão cuida de irmão, sobrinho de tio, tio de sobrinho, primo de primo, todos um pouco de cada e cada um pouco de todos. Todos juntos e todos misturados. E assim nos ensinou a viver em famílias.

- Era engenheiro agrônomo formado no km 47 (UFRRJ) e sempre acreditou no estudo como a única forma de se construir a vida. Crescemos num ambiente onde estudar sempre foi prioridade.

- Também insistia na nossa realização profissional e independência financeira. Começamos a trabalhar muito cedo, sempre com o seu incentivo e apoio.

- Jogou basquete quando jovem e foi até técnico.

- Jogou vôlei de praia até quase o fim da vida. Praia do Leme, todos os domingos. Após as partidas, o tradicional chopp na Taberna Atlântica. Uma verdadeira religião. E de tal devoção, que a a Taberna Atlântica, em reconhecimento por décadas de fidelidade, numa cerimônia festiva e inesquecível, inaugurou uma placa comemorativa na mesa onde sempre se sentavam: Veteranos do Vôlei.

- Acreditava na amizade e manteve os seus amigos por toda a vida. Praticava verdadeiramente a amizade. Crescemos em casas cheias e convivemos com todos esses amigos - de diversas nacionalidades, religiões, origens e idades - a quem chamávamos/chamamos de tios. E essas amizades passaram  gerações e herdamos esses "primos"  de vida. Laços estreitos. Laços eternos.

- Só conheceu cinco dos onze netos. Babava pela Marcela, chamava a Flavia de "trem doido", provocava a Adriana com "quase 8:00", levava o Dudu ao Ibirapuera até a exaustão e mal podia esperar o Xande "ficar de pé".

- Chamava minha mãe de Rosinha.

- Dizia que a Andréa, a minha irmã caçula, era a combinação perfeita entre ele e minha mãe.

- Desenhava nossas bonecas de papel quando éramos pequenas.

- Nos levava para conhecer Brasilia quando completávamos 10 anos.

- No mandava pro programa de intercâmbio nos EUA quando completávamos 15 anos.

- Só nos deixava fumar em casa depois dos 18 anos.

- Levava e nos buscava nos bailes de carnaval.

- Confundia as minhas fotos com as da minha mãe quando jovem.

- Implicava com todos os namorados e amigos cabeludos.

- Não gostava de barba e bigode.

- Dizia que hóspede  é que nem peixe: depois de 3 dias começa a feder.

- Jogava buraco e adorava provocar a dupla adversária. E não cansava de repetir que "o major dizia que não se dá carta do meio".

- Dormia depois do almoço todo sábado e domingo.

- Não acertava o tamanho das roupas que nos trazia de suas viagens. Mas nos trazia Barbies.

- Era magérrimo quando jovem. Mas engordou, engordou, engordou.

- Era mais severo que o Detran! Quando tirávamos a nossa carteira de motorista, tínhamos que passar pela sua prova pessoal: um dia de sol, um dia de chuva e uma noite.

- Era muito alegre e adorava festas. Gostava de comer. Muito. Gostava de beber. Muito.

- Fumava charuto depois do almoço aos domingos.

- Era muito respeitado e querido profissionalmente. E mais ainda pessoalmente.

- Tinha um senso de humor fantástico! Sempre com muito deboche e ironia.

- Mas quando bravo...

- Era justo. E moderno pra muitas coisas.

- Tinha muito orgulho da família que construiu com a minha mãe.

- Nos deixou cedo demais.








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