segunda-feira, 13 de junho de 2016

Era uma vez... 90!








Minha mãe nasceu em 13 de junho de 1926. Nasceu no Rio de Janeiro, terceira entre 10 irmãos. Minha avó era piauiense e conheceu o meu avô carioca, viúvo e com uma filha de 2 anos, quando ele trabalhava  nas obras contra a seca no Piauí.

Minha mãe nasceu em 13 de junho de 1926. Conheceu o meu pai numa festa junina e se casaram em 20 de janeiro de 1950, na Igreja N.Sra de Lourdes,em Vila Isabel. Uma  dessas sextas-feira de chuva de verão torrencial  no  Rio de Janeiro.

Minha mãe nasceu em 13 de junho de 1926. E teve cinco filhos, e deles nasceram onze netos e deles, até agora, já nasceram 8 bisnetos.

Minha mãe nasceu em 13 de junho de 1926. Dia de Santo Antonio, de quem se tornou a mais fervorosa das devotas e cujas histórias com o santo  - ou, pelo menos algumas - já contei por aqui. Meu pai dizia que o coitado do santo, quando a via entrar na igreja, tinha vontade de se esconder. O pobre não tinha como dar conta da lista interminável de solteiras por quem ele sempre intercedia e nem que trabalhasse com exclusividade tinha como atender!

Minha mãe nasceu em 13 de junho de 1926. Dona de casa exemplar, dessas que envergonha qualquer outra. Mãe atenta, presente, amorosa, disponível e muito exigente com nosso desempenho escolar e realização e independência profissional. Leitora voraz, sempre incentivou o nosso gosto ela leitura. Quantitativa e qualitativa. Esportista, também sempre nos incentivou à prática de esportes. O vôlei, em especial.

Minha mãe nasceu em 13 de junho de 1926. Sempre abriu a nossa casa aos nossos amigos e sempre incentivou a nossa vida social. Nossa casa sempre foi cheia, alegre e inclusiva.

Minha mãe nasceu em 13 de junho de 1926. E hoje completa 90 anos!

Comemoramos essa data especial, no sábado,  em família. Apesar das distâncias geográficas, conseguimos reunir quase todos. Só o neto e o bisneto que moram nos EUA não conseguiram vir fisicamente. Mas estiveram conosco entre as  3 gerações herdeiras desse legado que nos emociona e nos enche de orgulho!

Esse legado - ou o possível dele -  foi registrado no álbum que preparamos especialmente para celebrá-lo. ERA UMA VEZ... 90! E a sua vida - e as nossas, indissolúveis da dela - desfilou página após página, foto após foto,  com  conteúdo cuja importância  apenas agora começamos a dimensionar conscientemente.

Não foi nada fácil preparar esse álbum. Há algo de intocável e quase sagrado nas histórias que nos antecedem. Uma áurea de mistério que , de certa forma, hesitamos em conhecer. A sensação é de invasão. De  respeito cauteloso  com o que não nos pertence. Mais ainda, é obrigar  o olhar maduro e isento do que, até então, foi olhar filial e convenientemente seletivo. Ao mesmo tempo, há a curiosidade insaciável das histórias que se desdobram em pontas que se  juntam lá na frente. E, de repente, as conexões se ajustam, se completam.  E tecem em bordados mágicos  a  linda e plena história de 9 décadas vividas no amor desmedido pela família, nos exemplos de generosidade, de amizades duradouras, de cuidados, de agrados, de elegância, de apoio.

Não há como desvincular a história da minha mãe da história do meu pai. E uma das emoções mais profundas na construção desse álbum foi a mobilização e parceria das duas famílias! Não sei como agradecer aos meus tios/tias e primos/primas pela disponibilidade e envolvimento! Relatos, lembranças, confusões, fotos, mensagens - tão lindas! - teares  que  resgatam e preservam as  memórias familiares adormecidas e tão significativas! Descobrimos - todos - o tanto que nos une, ainda que os caminhos seja independentes. E os laços saem fortalecidos e renovados!

Comemorar os 90 anos da minha mãe é agradecer o acolhimento e reconhecimento de duas famílias unidas pelo acaso do amor  e que perpetuam o reconfortante sentimento de identidade e pertencimento.

Comemorar os 90 anos da minha mãe é agradecer a vida e valores que ela e o meu pai, cada um individualmente e coletivamente, nos transmitiram.

Comemorar os 90 anos da minha mãe é amar sermos essa família múltipla! Irmãos,  filhos, sobrinhos  netos,  sobrinhos-netos tão amados!  E tios, tias, primos e primas! E até os agregados tão integrados!

Comemorar os 90 anos da minha mãe é  experimentar as ondas do amor que aquece e reconhece essa família expandida e acolhedora.

E  agradecer - MUITO - o Era uma Vez que começou há 90 anos... E já antecipar os novos Era uma Vez que ainda virão pela frente!











5 comentários:

  1. Quando eu fizer 90 anos vc faz uma crônica pra mim?
    Mario Bomfim

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    1. Claroooooo que faço!!!!! Mas vai ter que passar por uma censura braba!!! hahaha Obrigada, querido! Você sempre me incentivando!!! Bjs

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  2. Vou copiar o Mário Bonfim... Se eu fizer 90, faz um texto lindo pra mim? Muito lindo!

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  3. Zelia, não sei se consigo fazer o seu perfil à altura!! Porque o seu texto vai precisar ter atuação, áudio, video, tudo! Vai precisar uma cia de teatro pra interpretar! E trilha sonora! Nossa, que trabalheira!!! haha Bjs

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