sexta-feira, 11 de outubro de 2019

D.Toninha.







Conhecemos Maria Antonia Gomes Lobo quando nos mudamos para São Paulo. Ela era sogra de uma das  primas-de-coração que herdamos das amizades tão duradouras dos meus pais. Foi uma conexão imediata, uma afinidade desmedida e meus pais, ela e o marido -  querido e saudoso Seu Lourival! -  formaram um quarteto muito próximo e unido! Essa linda amizade se estendeu para nós, filhos, e para as famílias das famílias! 

Normalmente, chamo os amigos dos meus pais de "tio" e "tia". Mas Maria Antonia Gomes Lobo não virou tia. Foi sempre D. Toninha. Não sei a razão. Acho que por ela ter sempre sido altiva, elegante, empoderada. Ou talvez por ela ter sempre sido guerreira, dona do pedaço, presença forte onde estivesse. Ou talvez por ela ter sido sempre tão linda, vaidosa, alegre.  Mas o fato é que sempre foi D.Toninha.

Eles tinham uma fazenda em Birigui, interior de São Paulo. Perdi a conta de quantas férias e feriados passei lá. Principalmente carnavais. Que delícia! D.Toninha andava por aquela fazenda do nascer do sol até à noitinha. Falava com os empregados com propriedade e conhecimento de causa. Conhecia tudo! Fazia tudo! E cuidava de tudo com pulso firme e com um coração que não cabia naquelas terras!

Ali, na fazenda, era onde ela era mais ela! Que amor ela tinha para com tudo! Cada cantinho, cada flor do jardim! Cada bezerro que nascia! Cada queijo preparado! Cada doce (delícia!!) feito naquele fogão a lenha! E a gente se sentia tão bem! Tão à vontade! Tão em casa! Das noitadas no clube da cidade aos topless na piscina, os dias eram calmos, alegres, cheios de carinho e risadas.

D.Toninha era uma dama! Uma dama em todos os sentidos! Dama da simplicidade. Dama do escracho. Dama da espontaneidade. Dama da alegria de viver. Dama da elegância. Dama do acolhimento. Como acolhia!

D.Toninha foi amiga-irmã da minha mãe! Eram tão diferentes! E tão parecidas! Nasceram com apenas 1 dia de diferença. Ambas de 1926. Ambas de junho. D. Toninha do dia 12 e minha mãe do dia 13.  Foi uma dona-não-tia por quem sempre tive um enorme carinho! Ela  e Seu Lourival foram meus padrinhos de casamento. Escolhidos sem titubear! E foi um grande conforto vê-los no altar ao lado da minha mãe. 

Com a D.Toninha, aprendi as três coisas mais fundamentais da minha vida:

1)  fazer o melhor frango com catupiry do mundo!
2)  me equilibrar pra fazer xixi de pé numa estrada de terra.
3) a importância de ter sempre paqueras , muitos, na vida! Sempre que íamos à cidade, ela visitava todos os "paqueras": o padeiro, o vendedor de rações, o dono do restaurante, o diretor do clube. Todos eram paqueras! Seu Lourival só ria!!

Ainda faço o frango com catupiry e sempre penso nela! Não precisei fazer muito xixi em estradas de terra. Mas adotei a brincadeira dos paqueras integralmente - apenas adaptei para "noivos"! E quem me conhece sabe bem todos os noiváveis espalhados por ai! Minha marca registrada! Agradeço a D.Toninha por esses valiosos ensinamentos!

Ontem, com muita tristeza,  me despedi da D.Toninha... Ela virou estrela... Um aperto grande no coração pelos meus queridos Edilza, Elcio e Leni... Um vazio que fica daquela presença tão presente... O mundo fica  menos lindo,  menos elegante,  menos alegre, menos irreverente...

Mas o céu, ah, o céu... Esse ganha uma estrela grandiosa! Quanto brilho! Quanta potência!  E haja estrela-paquera pra dar conta da estrela que chega chegando! E Seu Lourival vai sorrir...



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