segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Inhotim. O essencial em uais.




Entrada de Inhotim. 


"I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life and see if I could learn what it had to teach."
(Henry David Thoreau - Walden)

David Henry Thoreau, poeta americano do século XIX e um dos maiores representantes da corrente "transcendentalista, decidiu, aos 27 anos,  morar num bosque às margens do lago Walden  e vivenciar a  simplicidade da forma mais despojada possível. A experiência de dois anos resultou no seu livro mais famoso: Walden: Life in the Woods. A obra, referência para os movimentos ecológicos  e ambientalistas desde então, provoca novos olhares para os conceitos de essencialidade e liberdade. Impossível não pensar em Thoreau ao percorrermos  o Instituto Inhotim, localizado na simpática cidade de Brumadinho, Minas Gerais. Considerado o maior museu a céu aberto do mundo,   une uma coleção absolutamente espetacular de espécies tropicais raras e exuberantes a um acervo de arte contemporânea da maior relevância internacional. Inhotim, idealizado por Bernardo Paz, foi aberto ao público em 2006. Há pelo menos três teorias sobre a origem do nome. A mais conhecida e aceita relaciona a palavra ao minerador  inglês, Sir Timothy, que teria morado na área hoje ocupada pelo Instituto. A adaptação de "Sir" para a deferência local "Nhô" ou Inhô" explicaria  "Sr Tim" virar "Inhô Tim". Eu, particularmente, adoto essa como a explicação oficial! A comparação entre a complexidade e grandiosidade de Inhotim e a rusticidade e simplicidade de Walden pode até parecer paradoxal. Mas a verdade é que a experiência Inhotim é transformadora e, como Thoreau, lança um olhar absolutamente renovador e esperançoso  sobre as possibilidades de integração homem/natureza.Inhotim é santuário natural e santuário artístico. E a prova de que um e outro podem conviver harmonicamente. Paira um silêncio respeitoso que não ousa ser perturbado. Qualquer falar mais alto parece interromper a comunhão indissolúvel entre sagrado e profano. Não há Inhotim sem a natureza e não há Inhotim sem as manifestações artísticas. É no espaço quase religioso que um e outro ocupam que as sensações se apuram e misturam.Se é fato inegável que o intervenção humana é a responsável pela destruição implacável  e irreversível da natureza ao longo da história, em Inhotim, a intervenção é plenamente redimida. Perdoada. Enlevada. O que há de mais espetacular nos processos criativos humanos acolhido pelo o que há de mais majestoso na natureza generosa e surpreendente. O efeito é absolutamente impactante! E suave, repousante, calmante. Das intervenções humanas, são mais de 700 obras espalhadas pelo parque e/ou dispostos em galerias individuais. Há, atualmente, vinte e três galerias, cada um de arquitetura específica e com absurda variação de materiais e estilos. Abaixo, alguns exemplos das que mais chamaram a minha atenção:
Galeria do Lago

Galeria Claudia Andujar


Galeria Miguel Rio Branco



Galeria Adriana Varejão




Galeria Cosmococa

 Entre as tantas obras de arte, destaco as minhas duas preferidas e de efeito realmente impressionante:
True Rouge - Tunga

Desvio do Vermelho - Cildo Meireles


Abaixo, apenas alguns recortes da exuberância de natureza absoluta e imponente. Não há como descrever a sensação de fazer parte desse cenário: 











Inhotim é orgulho. Organização perfeita, manutenção impecável, atendimento pronto e cortês. Estrutura cuidadosa nos mínimos detalhes. Há, inclusive, pontos espalhados e integrados aos jardins para carregamento de celulares! Os banheiros são obras de arte.  E o restaurante Tamboril (há outro restaurante e alguns cafés) é MARAVILHOSO!

Volto a Thoreau e a sua experiência no bosque. E penso que Inhotim é recuperar a reflexão essencial sobre o que é verdadeiramente essencial. E o essencial é tão simples... E tão belo...

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