Ali ali só ali se se alice ali se visse quanto alice viu e não disse se ali ali se dissesse quanta palavra veio e não desce ali bem ali dentro da alice só alice com alice ali se parece (Paulo Leminski)
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Inferno Astral.
De todos os infernos do inferno, o inferno astral é o mais desolador. O mais sombrio dos sombrios, o mais assustador dos assustadores, o mais gélido dos gélidos. Um vasto, muito vasto vale de devastação, confusão e abandono.
No inferno astral, cada astro, exaurido ao cumprir seus longos ciclos, encontra descanso. Cada casa tem um dono, cada dono se alimenta do seu elixir para recuperação. Ou redenção. Ao melhor, apenas um salvo-conduto para percorrer mais um ciclo.
Nesse período de convalescença e, portanto, sem guardião, os signos vagueiam à deriva, desorientados,expostos e à mercê dos infortúnios e provações. É mesmo o inferno dos infernos.
Mas, mesmo diante desses perigos, os signos, em geral, aproveitam as suas férias astrais. Enquanto os seus guardiães padecem em sofrimento indescritível, os signos respiram novos ares e ousam novas experiências, novas características, novas definições. Transgressores, saltitam como crianças de casa zodiacal para casa zodiacal sem culpa ou cuidado!
Mas não Capricórnio. Não, não Capricórnio. Nunca Capricórnio. Arcado pelo peso do mundo, Capricórnio é solidário ao seu guardião e também se recolhe. Sério, preocupado, atento, responsável e resignado, isola-se. Observa, consternado, o caos. Agarra-se, equilibrista, nos picos mais íngremes e inacessíveis para, solitário, ordenar e organizar. E é nessa solidão inóspita que espera o seu guardião recuperar-se para, juntos, em missão heroica não reconhecida, reconduzirem o mundo à ordem e ao sentido.
Quando termina o inferno astral de Capricórnio, até o inferno respira em alívio celebrado! Até os fogos timidamente ardem mais leves! Os demônios festejam! Os monstros ousam brincadeiras inocentes! As profundezas visitam as tonas como comadres. Turbulências se estabilizam. Há suspensão no ar. Por um breve, muito breve período, os portais do inferno e do paraíso se confundem.
Enquanto isso, Capricórnio, já curvado pelo cansaço jamais refeito, acolhe o seu guardião e, pelos céus zodiacais, segue cumprindo a sua missão.
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